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Dias a Fio

Dias a Fio

Arte Portuguesa - XI

Que rosa és tu sem espinhos! / Ai, que não te entendo, flor! - Almeida Garrett

03.07.25

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        Dama da Boina, de Columbano Bordalo Pinheiro (Lisboa, 1857 - 1929). Uma das raras obras iluminadas do autor. Óleo sobre tela, 1911, 45 x 36 cm. Coleção Telo de Morais, Museu Municipal de Coimbra. Adquirida ao pintor Túlio Vitorino (Cernache do Bom Jardim).

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Cinco linhas

Quem teve a desgraça/De não aprender a ler/Sabe só o que se passa/No lugar onde estiver-João de Deus

30.06.25

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Arte Portuguesa - X

S/ título, de Luís Nobre. Aguarela, acrílico e tinta da china s/ papel, 2009. Coleção Privada. Expo Visitante Ocasional, 2023-2024, Centro de Arte Contemporânea de Coimbra.

 

       De modo geral, um blogue pode ser definido como um lugar virtual oferecido gratuitamente a qualquer internauta no inédito espaço da autopublicação. Da leitura de O Livro de Bolso do Weblogue, de Rebecca Blood, é fácil perceber com que linhas se cose um blogue: página da internet regularmente atualizada, que contém textos organizados de forma cronológica, com conteúdos diversos (diário pessoal, comentários, discussão sobre um determinado tema, etc.) e que na maioria dos casos contém hiperligações (links) para outras páginas. Os textos dos blogues pioneiros eram quase totalmente preenchidos por hiperligações, e daí resultava uma comunidade, bem como o incentivo para cativar publicidade paga.

        Direcionado para os desenhadores profissionais de páginas eletrónicas, o livro Como Escrever para a Web, de G. McGovern, R. Norton e C. O'Dowd, regista conselhos para prender a atenção do leitor no ecrã da rede mundial. São eles: parágrafos curtos, títulos eficazes, utilização de subtítulos, dircurso direto e frases simples. Uma boa receita também para os blogues.

        Portanto, um lugar autoral na rede é uma oportunidade para a escrita - a modalidade de realização da língua que recorre a um suporte gráfico e exige uma adequação discursiva que tenha em conta o facto de o destinatário estar ausente no tempo e no espaço.

        Quando surge um novo meio de comunicação, ocorre a situação defendida por Marshall McLuhan: «o meio é a mensagem». A ideia central do formato do meio de comunicação torna-se crucial para influenciar o conteúdo e o significado da mensagem. Uma notícia transmitida, por exemplo, na televisão tem um impacto diferente de uma notícia lida num jornal, devido à estética e à forma como cada meio constrói e acolhe a informação. Ora, quando um novo suporte surge, essa novidade opõe-se a um recurso comunicacional anterior.

        Todavia, pelo que se tem visto, o uso progressivo e massivo do novo suporte traz de volta os moldes do tratamento e do discurso tradicional. Veja-se o caso do e-mail. A perplexidade inicial quanto ao modelo a usar será normalizada e ajustada a um tom convencional, próximo do epistolar, pela necessidade de clareza da mensagem (Merda! Sou legível).

        Imagine-se, agora, o que terá ocorrido com o aparecimento da escrita. Surgiu em oposição a quê? Qual o teor da escrita primordial, seria legislativa, matemática ou literatura? A resposta a estes problemas talvez esteja registada na própria experiência individual, isto é, na forma como o sujeito singular - de todos os tempos e ao longo da vida - absorveu essas ferramentas sociais. O utilizador faria um exercício de memória e o observador externo anotaria os denominadores comuns dos grupos para a sistematização científica. Que tal?

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Arte Portuguesa - IX

Ó minhas cartas nunca escritas,/E os meus retratos que rasguei... - Mário de Sá-Carneiro.

24.06.25

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        Mulher vestida de branco, do rei D. Carlos (Lisboa, 1863 - 1908). Óleo sobre madeira, 1903. Acervo do Museu de Arte e do Colecionismo de Cantanhede.

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Atrás da velha casa estendia-se um quintal

Mais quero/A noite negra, irmã do desespero.../Do que a luz matinal...a luz bendita! - A. de Quental

20.06.25

        A minha leitura de Pela Noite Dentro – Contos e Outros Escritos (DG edições, Linda-a-Velha, 2025, capa de Olga Cardoso Pinto) não foi semelhante à daquele leitor de um livro de Sousa Costa: lido duma só vez, avidamente, numa noite de encanto fremente. Mas quase. Esta nova seleta de José da Xã (do, entre outros, blogue LadosAB), com uma capa mais sombria, continua o picaresco habitual burilado pelo autor.  

        As estruturas são harmoniosas, os diálogos exímios. A galeria das personagens é bem variada: leves traços são suficientes para as caraterizar e se imporem diante de nós, indefesas perante o destino, mas enredadas em ruralidade mais salvífica do que opressiva. E se acaso algumas figuras rumam a cidade, regressam com o sentido do vazio, exceto no caso de Os Felícios, cuja estirpe e prole estão na urbe como peixe na água. 

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         Pareceu-me ouvir, por exemplo, aos primeiros textos, o chamamento dos contos de Raul Correia ou de Os Contos do Tio Joaquim, de Rodrigo Paganino. Mas logo tudo muda. O lagarto (“Baltazar”) surpreende, como se o término ressumbrasse um esgar malicioso, noite fora, quando os olhos cansados ficam pregados no estuque do quarto. O diabrete, se houver, surge no mariola homónimo de O Nome Pedro - na confusão é bem possível entrarmos também na novela Pedro Páramo, de Juan Rulfo. Vale igualmente referir Amor tropical, moderna versão saída dos folhosos Contos de Histórias de Proveito e Exemplo, de Gonçalo Fernandes Trancoso. E até um Charles Bukowski toma forma na Longa noite, a lutar, à cabeceira da cama, contra a chama viva.  

        Fica ao critério do leitor distinguir entre os contos e os outros escritos. É difícil interromper a obsessiva leitura antes do fim. O estilo desafetado já o tinha visto em crónicas, mas em contos, não. 

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Arte Portuguesa - VIII

As grandes árvores magoadas/ Choram hirtas, despenteadas... - Eugénio de Castro

19.06.25

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        Paisagem de Inverno, de António da Silva Porto (Porto, 1850 - Lisboa, 1893). Óleo sobre tela, s/ data. Acervo do Museu da Arte e Colecionismo de Cantanhede.

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Arte Portuguesa - VII

Meu navio é uma coroa/ Sobre a fronte do Oceano! - F. Gomes Amorim

08.06.25

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        Escultura: O Mar, de José Sousa Caldas (V. N. de Gaia, 1894 - 1965). Gesso, 2,26 x 92 cm.

        Acervo do Museu Marítimo de Ílhavo, presente na exposição temporária "Entre a Ria e o Mar - Costa Nova do Prado", 2024,

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Como são grandes as coisas pequenas

De bem escrever saber primeiro é fonte:/ Enriquece a memória de doutrina - António Ferreira

04.06.25

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        Republico, de um outro blogue entretanto apagado, a minha opinião sobre Des(a)fiando Contos, do José da Xã, lembrança a propósito da oferta do seu último livro, Pela Noite Dentro, sobre o qual comentarei mais tarde.

****

        Para acompanhar a leitura deste livro (DG Edições, Linda-a-Velha, abril 2024, capa e contracapa de Olga Cardoso Pinto), fui buscar dois livritos que há muito tinha em espera. Em O Conto, o autor brasileiro Hermann Lima adverte que, embora o conto seja o mais antigo dos géneros literários, é, não obstante, o mais moderno em sua forma atual. O conto moderno afastou-se profundamente do velho conto popular, das fábulas, dos apólogos, das alegorias, em que estavam encerrados alguns dos mais universais princípios da sabedoria humana, mas não perdeu inteiramente a fisionomia originária na sua intencionalidade, na sua poesia e no seu simbolismo.

        Dos quatro géneros de crítica ordenados em A Crítica Literária, de Adolfo Hatzfeld - estética, moralista, histórica e psicológica, - elejo aqui o primeiro. A crítica estética considera a obra em si mesma, sem averiguar quem é o autor e como vive. Tal análise avalia a obra em si mesma, sem averiguar quem é o autor e como vive. Tal crítica aprecia a obra em nome da ideia que faz do Belo, segundo um ideal a que a refere e a compara, ainda que esse ideal não seja o mesmo para todos.

        Assim é nos contos do José. A ação adota um curso normal até ao momento em que o cair do pano faz brotar o inesperado, o insólito, ou o volte face. É este o segredo do bom conto, fruto do apuro que tem em conta um propósito e um sentido. Compare-se, portanto, a literatura com a jardinagem, os contos com um ramalhete; cada peça literária é uma rosa no roseiral. O José sabe ambos os ofícios, pois tem sempre em conta as condições necessárias para o resultado final e o perfecionismo que oculta o esforço. Caramba, José da Xã!

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Imagem do blogue LadosAB.

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Pintura Portuguesa - VI

Eu antes quero/ Muda expressão;/ Os lábios mentem,/ Os olhos não - Barbosa du Bocage

02.06.25

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        Caricatura do Conselho de Ministros, 1855, do rei D. Pedro V (1837 - 1861). Desenho à pena sobre papel. Acervo do Museu de Arte e Colecionismo de Cantanhede.

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Pintura portuguesa - V

Imite-se a pureza dos antigos,/ Mas sem escravidão, com gôsto livre - Pedro António Correia Garção

26.05.25

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        Autorretrato, 30 de dezembro de 1810, de Domingos António Sequeira (Lisboa, 1768 - Roma, 1837). Sanguínea e aguada sobre papel, 10,2 x 12,7 cm. Coleção particular. Expo Retratos Românticos, Museu de Arte e Colecionismo de Cantanhede, 2025.

        No autorretrato lê-se o desespero da impossibilidade de concluir uma tarefa. Enfermo com erisipela, Sequeira, na altura em que trabalhava para dois mecenas, 15.º conde de Redondo e 1.º visconde de Santarém, envia frequentes missivas justificativas em que se representa com a gaze que lhe envolve a cabeça.

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Pintura portuguesa - IV

Felizes as rimas pobres, porque delas é o reino dos manjericos - Catarina Nunes de Almeida

24.05.25

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        Sem título, 1972, de António Palolo. Coleção Virgínia Esteves de Oliveira. Expo popalolo, Centro de Artes Visuais, Coimbra, 2024.

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